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Um pouco da história
A história do streaming tem suas raízes nos primórdios da internet, quando a transmissão de vídeo e áudio era limitada pela capacidade de banda disponível para os usuários. Podemos dividir essa história em duas, pré 2010 e pós 2010, quando o streaming, de fato, mudou definitivamente a forma com que o usuário viria a se relacionar com os conteúdos disponibilizados.
A fase Pré 2010
O primeiro desafio para as empresas de tecnologia foi a transmissão ao vivo pela internet. Esse tipo de transmissão foi o grande motivador da época, que viria depois se desdobrar em tudo o que conhecemos hoje.
A primeira tentativa de streaming de vídeo ocorreu em 1995, quando a Progressive Networks (fundada em 1994 e que depois mudou seu nome para RealNetworks, em 1997) lançou o RealAudio, que permitia a transmissão de áudio ao vivo pela internet.
A RealNetworks foi pioneira nos mercados de streaming de mídia e transmitiu um dos primeiros eventos de áudio pela Internet: um jogo de beisebol entre o New York Yankees e o Seattle Mariners, em 5 de setembro de 1995. Em 1997, a empresa lançou o RealVideo, anunciando a tão aguardada tecnologia de streaming de vídeo. Acredita-se que, nos anos 2000, mais de 85% do conteúdo de streaming na Internet estava no formato Real.
Apesar desse sucesso, o principal modelo de negócios da RealNetworks dependia da venda do software de streaming de mídia, e a Microsoft e a Apple, já à frente do seu tempo, passarama distribuir gratuitamente estes produtos, minguando os negócios da Real Video.
Nessa fase, em 1999, surge o Napster, um dos primeiros serviços de compartilhamento de arquivos musicais, que foi um marco na história da música digital, mas que causou o maior alvoroço porque, na prática, era um tipo de pirataria!
Lançado em 1999 por Shawn Fanning e Sean Parker, o Napster permitia que usuários compartilhassem arquivos de música em formato MP3 uns com os outros, de forma gratuita. A plataforma rapidamente se popularizou e chegou a ter mais de 80 milhões de usuários em todo o mundo!
No entanto, o Napster logo começou a ser alvo de processos judiciais movidos pelas grandes gravadoras, que corretamente comprovaram que o compartilhamento de arquivos violava seus direitos autorais.
Assim, em 2001, a Justiça americana determinou o fechamento do Napster, o que causou indignação entre seus usuários e uma série de debates sobre a propriedade intelectual na era digital. Apesar da sua queda, o Napster teve um impacto significativo na indústria musical. A plataforma popularizou o formato MP3 e o compartilhamento de arquivos na internet, dando origem a outras plataformas de compartilhamento de música, como o Limewire e o Kazaa.
O Napster foi muito importante para o avanço das primeiras discussões e modelos de regulação de conteúdo por plataformas, no sentido da proteção dos direitos autorais. Também foi graças ao Napster, e ao seu modelo equivocado de distribuição digital de música, que a janela foi aberta para o modelo de distribuição que vemos hoje com as DSPs. A partir dele a indústria musical passou a buscar formas de se adaptar ao mundo digital, regulamentando seu uso e lançando serviços de venda de música online, como o iTunes, e posteriormente, serviços de streaming, como Spotify e Apple Music.
… enfim: banda larga!
A chegada da banda larga à internet foi um marco na história da tecnologia da informação, pois possibilitou o acesso a um mundo de informações e serviços que antes eram inacessíveis para a maioria das pessoas.
Até a década de 90, o acesso à internet no mundo todo era feito principalmente por meio de conexões discadas, que eram lentas e caras. As velocidades de transmissão de dados eram limitadas a 56 kbps, o que dificultava o acesso a conteúdos multimídia e serviços online mais avançados.
No entanto, a partir dos anos 2000, a tecnologia da banda larga começou a se popularizar em todo o mundo.
A banda larga é uma conexão de alta velocidade, que permite a transmissão de grandes quantidades de dados em um curto espaço de tempo. Ela é proporcionada por meio de tecnologias como o ADSL, o cabo e a fibra óptica.
A chegada da banda larga trouxe mudanças radicais para a internet e, no universo do streaming, o jogo todo mudou!
Várias outras plataformas de streaming de vídeo surgiram, com destaque para o YouTube (que ainda não era um produto da Google!), lançado em 2005, e para a Netflix, que começou como um serviço de aluguel de DVDs pelo correio em 1997.
Em 2005, a Netflix começa a oferecer o serviço de streaming de filmes e séries online, o que revolucionou a forma como as pessoas consumiam conteúdo audiovisual. Na época, o catálogo era bem limitado e a qualidade do vídeo era bem inferior à que conhecemos hoje em dia, mas já era possível assistir a filmes e séries sem precisar baixar ou comprar o DVD.
E, na esteira das plataformas de streaming de audiovisual, vêm as de música, e com elas, a revolução definitiva!
Streaming e P2P
A história do streaming e do compartilhamento peer-to-peer (P2P) estão intimamente relacionadas, uma vez que ambas as tecnologias foram desenvolvidas para permitir que as pessoas compartilhassem conteúdo digital pela internet.
O compartilhamento P2P começou na década de 1990, com a popularização da internet de banda larga.
A primeira rede P2P amplamente usada foi o Napster. Com seu fechamento, outras redes P2P, como o BitTorrent, se tornaram muito populares, embora todas controversas, pois esse modelo viola (até hoje!) as regulamentações de proteção a direitos autorais.
Neste sentido, o surgimento das DSPs resolveu bem a questão, pois o usuário pode fruir gratuitamente das músicas das plataformas oferecidas nos planos free, ou pagar pelo seu uso nos planos premium.
De um jeito ou de outro, esse é o modelo correto de se consumir música hoje quando falamos de streaming!
Embora o compartilhamento P2P tenha enfrentado desafios legais devido à violação de direitos autorais,não poderíamos deixá-lo de fora nessa história, pois foi a popularização do seu uso e as inúmeras discussões e processos judiciais no entorno da disponibilização dessa tecnologia que nos levaram à criação das plataformas de streaming como hoje a conhecemos e consumimos!
A fase pós 2010
Com a questão da velocidade resolvida e o rápido avanço dos modelos de proteção de direitos autorais, a era pós 2010 é revolucionária no consumo de música e entretenimento. Os consumidores, agora, passam a ter acesso a um catálogo ilimitado de músicas e conteúdo de entretenimento em tempo real!
Já em 2011, nos Estados Unidos, o Hulu passa a disponibilizar conteúdo exclusivo e a Netflix chega oficialmente ao Brasil! Também em 2011, o antigo Justin.tv cria o Twitch, um canal exclusivo de games, que viralizaria anos adepois com suas transmissões de partidas e eventos esportivos.
É nessa década que a popularização das plataformas de streaming de música se consolida, mudando radicalmente a forma como as pessoas consomem música e como as gravadoras e artistas fazem música!
Agora, os usuários podem escolher entre milhões de músicas em seus dispositivos móveis, laptops e desktops, e ouvir em qualquer lugar e a qualquer momento. Surgem as playlists personalizadas, as sugestões de músicas e a possibilidade de compartilhar tudo isso de maneira legal, em versão paga ou gratuita!
E, claro, os desafios que se colocam também são muito complexos!